quinta-feira, 29 de novembro de 2012

HISTORIA DA LAELIA TENEBROSA MARIA FUMAÇA

 
Olá Amigos, sou muito apreciadora desta laelia, e então resolvi partilhar com voces a história dela.
 
 
A Sra. Maria Bittencourt Rodrigues Neto era uma orquidófila paulista de classe média alta moradora da Rua Cidade Jardim, no bairro do mesmo nome. No início dos anos 40 a rua era toda residencial e arborizada e belas casas com grandes quintais davam o tom do local.
Ali no seu amplo orquidário, a D. Maria Bittencourt recebeu no início dos anos 40 esta bela Laelia tenebrosa vinda da natureza.
Para a época, quando não havia melhoramentos feitos em cultivo com essa espécie, esta Laelia tenebrosa era tida como a melhor que se conhecia até então. Com os segmentos regulares e pétalas largas para a espécie, esse exemplar de tenebrosa chamava atenção também pelo arredondado da ponta das pétalas, pelo belo tom acobreado brilhante e pelo labelo cuja borda quase chegava ao branco. Apesar de ser uma senhora da sociedade e com boa educação, a D. Maria era pessoa de gênio forte que não levava desaforo para casa. Não foram poucas as vezes em que ela repreendeu algum companheiro em público de forma bastante acalorada, para se dizer o mínimo. Por conta desse pavio curto ela recebeu o apelido de ‘Maria Fumaça’, nome esse que acabou por batizar o famoso clone de Laelia tenebrosa da sua coleção. Além da ‘Maria Fumaça’, existiam mais duas tenebrosas de qualidade nos anos 40 que eram uma escura do orquidófilo paulista Minoro Fujita e outra de propriedade do orquidófilo de Piracicaba, Sr. Pedro Rodrigues. No seu interessante livro “A Jóia da Bruxa”, Heitor Gloeden conta com detalhes como foi um julgamento entre as três plantas citadas acima, que aconteceu em 1943 em uma exposição do CPO (Círculo Paulista de Orquidófilos). Nesse julgamento a ‘Maria Fumaça’ ganhou por apenas 1 ponto. O tempo passou, outras tenebrosas foram surgindo, nos anos 50 apareceu a Laelia tenebrosa ‘Samuel de Mello’, talvez a melhor de todas, mas a ‘Maria Fumaça’ e a ‘Fujita’ nunca perderam o seu lugar de destaque nas exposições. No final dos anos 60, com o fim das coleções tanto da D. Maria Bittencourt quanto do Sr. Minoro Fujita, as matrizes foram parar nas mãos do grande orquidófilo George Suzuki, pai do nosso conhecido Charley Suzuki e chamado de “o Milagroso” devido aos belos cruzamentos que fazia. O Sr. Suzuki, ou por respeito à D. Maria Bittencourt ou por corruptela, chamava o clone ‘Maria Fumaça’ de ‘Fumacina’ e o cruzamento que fez entre ela e a ‘Fujita’ se tornou um clássico conhecido e existente até hoje. Esse cruzamento é o esteio das Laelia tenebrosa atuais e foi difundido com o nome de ‘Fumacina-Fujita’. Apesar de passados quase 70 anos desde a sua descoberta na natureza, a Laelia tenebrosa ‘Maria Fumaça’ ainda é uma planta digna de ser a estrela de qualquer coleção.

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